domingo, 25 de maio de 2008

ESSA CIRANDA QUEM ME DEU FOI LIA...



Você já deve ter visto enquanto andava pelas praias de Pernambuco, em particular Olinda, Itamaracá e Igarassu, várias pessoas de mãos dadas em uma grande roda, dançando em um ritmo lento e repetido. Isto é a nossa Ciranda. Porém, sua origem não se restringe ao litoral, seu surgimento ocorreu também Zona da Mata Norte.

Acredita-se que a brincadeira de origem árabe tenha vindo de Portugal e dos imigrantes que vieram da Síria e do Líbano. A palavra vem do vocábulo espanhol “zaranda”, que significa instrumento de peneirar farinha e que seria derivado da palavra árabe “çarand”.

A ciranda é uma manifestação comunitária, não tendo preconceito com cor, idade, sexo, condição social e econômica dos participantes, toda pessoa pode entrar ou sair da brincadeira no momento que desejar. A sua musica é feita basicamente por instrumentos de percussão, como, zabumba, tarol, o ganzá e o maracá, os passos marcantes são acompanhados da musica e dos movimentos das mãos, a letra pode ser improvisada ou reconhecida, que é puxado pelo mestre cirandeiro e acompanhado pelas pessoas da ciranda com muito entusiasmo.

A dança teria nascido através das esposas dos pescadores que passavam muito tempo sozinhas e brincavam de ciranda para distrair seus filhos. A partir da década de 70, a ciranda passou a tomar tons mais sérios, sendo reconhecida como um ritmo, entrando para o circuito turístico regional, e sendo cantada e tocada por nomes como Lenine e Chico Science.

Atualmente, a mais ilustre cirandeira é Lia de Itamaracá, da praia de Jaguaribe. Ela luta para manter viva a tradição da dança e pelo seu trabalho foi agraciada com o título Patrimônio vivo de Pernambuco. Lia mantém-se firme, fazendo apresentações e conduzindo o espaço cultural Estrela da Lia que traz apresentação todos os sábados. No entanto, não há patrocínio e não foi consumado o convênio com o Governo Federal, o que traz o risco do ponto cultural desaparecer.

GRUPO CABRAS DE LAMPIÃO CONTINUA A PRESERVAR O XAXADO


O xaxado é uma dança de guerra e entretenimento criada pelos cangaceiros de Lampião no inicio dos anos vinte, em Vila Bella, atual município de Serra Talhada, em Pernambuco. Ainda na época do cangaço tornou-se popular em todos os bandos de espalhados pelos sertões nordestinos.

Quando os cangaceiros não estavam em combate, perseguindo ou fugindo dos inimigos, caiam em depressão e para espantar o tédio nas caatingas, encontraram na dança uma forma espontânea de se divertir. Assim surgiu o xaxado.

A teoria mais aceita para o nome é uma referência ao verbo sachar, que é a atividade limpar a terra com uma enxada próximo ao caule do broto do feijão. Os movimentos da sacha seriam semelhantes aos do passo da dança. Além disso, a debulhação do feijão era feita em grupo e enquanto uns batiam para tirar a palha do feijão, outros batiam palmas e faziam movimentos de pés, cantando loas e modinhas.

Apesar da primeira versão ser aceita por folcloristas como Câmara Cascudo, uma outra teoria sobre o nome da dança é muito difundida. Alguns historiadores acreditam que o nome tenha sido dado devido ao som da sandália arrastando no chão, quando os cangaceiros comemoravam as vitórias do bando de Lampião. Esta versão é contestada, pois esse som só é emitido em chão de cimento e não na terra batida, onde originalmente era dançada.

Inicialmente era uma dança exclusivamente masculina, até porque naquela época ainda não havia mulheres no cangaço. A dama era a arma. O bando dançava em fila indiana, e o da frente, sempre o chefe do grupo, puxava os versos cantados e o restante do bando respondia em coro, com letras de insulto aos inimigos, lamentando mortes de companheiros ou enaltecendo suas aventuras e façanhas.

Mesmo com a entrada da mulher no cangaço, o xaxado manteve seu lugar de honra no mundo do chapéu de couro e aço, de fogo e ferro. A dança trouxe mais manejo de corpo, mas manteve a pancada no coice da arma com os anéis.

O tempo passou e a dança de guerra conseguiu manter suas tradições, tendo em Serra Talhada a Capital do Xaxado, com a presença de diversos grupos que mantém a dança viva na nossa cultura. Um dos mais conhecidos é o Grupo Xaxado Cabras de Lampião que existe há 13 anos.

Anildomá Willians, o presidente da Fundação Cultural Cabras de Lampião, da qual o grupo faz parte, acredita que a preservação do ritmo é uma garantia de manterá própria identidade do homem do sertão. “O xaxado é uma dança que demonstra a alma inquieta, a bravura do homem sertanejo, e é um retrato da nossa história, da nossa cultura, e do fortalecimento de nossa identidade cultura. Essa identidade está ganhando terreno, atingindo o Brasil e exterior, isso é muito bom”, afirma.

Além de apresentações durante o ano inteiro em festivais de dança e teatro e a participação em eventos de cultura popular, a Fundação ainda realiza um trabalho social com 120 crianças de bairros carentes de Serra Talhada. O objetivo é ensinar a elas sobre Lampião, cangaço e xaxado, para que elas se tornem multiplicadoras da cultura sertaneja, da cultura nordestina.

ORIGEM DO COCO E SEUS TIPOS


Não se sabe ao certo qual a origem do coco, alguns historiadores acreditam que ele é de descendência africana, outros que vem de tradição indígena. Outros estudiosos afirmam que o coco é de origem indígena e com influências africanas.

Outra discordância é quanto à finalidade do canto, mas acredita-se que tenha começado como música de improviso durante as quebradeiras de coco. Dani Bastos, coordenadora do núcleo de música do Ponto Cultural Coco de Umbigada acredita que o coco tenha surgido para suavizar o trabalho dos negros escravos e como uma adoração às divindades. “A gente acredita que era um canto de trabalho, para aliviar o dia estressante e também era um canto de celebração nos dias de folga para louvar os deuses”, complementa.

São incontáveis os estilos de Coco, mas vamos apresentar alguns mais recorrentes no nordeste do país. O Samba de Coco é uma modalidade encontrada no sertão de Pernambuco, especialmente no município de Arcoverde onde há o tradicional Coco Raízes de Arcoverde. A formação instrumental é composta por surdo, pandeiro, triângulo ganzá e o tamanco. A cantiga é entoada por um coquista e um coral que responde ao refrão.

Outro estilo é o Coco de Roda, recorrente no litoral do nordeste brasileiro. Os tocadores e cantadores acompanhados de ganzá e bomba se posicionam no centro de uma roda formada por homens e mulheres que dançam e respondem ao coro.

O Coco de Zambê é possivelmente de origem africana e formado apenas por homens que tocam, dançam e cantam. Os instrumentos utilizados são o zambê ou pau furado, a chama e uma lata.

Existe também o Coco de Ganzá, que na maioria das vezes é formado por duplas de emboladores e ritmados pelo ganzá. Um coqueiro embola versos e é respondido elo outro. O Bambelô é um estilo de coco cantado e acompanhado pelos instrumentos pau furado, chama e ganzá e com dança circular, principalmente a umbigada.

COCO É DE UMBIGADA!!!



No mês de junho, a tradicional Sambada de Coco, organizada por Beth de Oxum completa 10 anos. O evento é realizado sempre no primeiro sábado de cada mês, no Largo de Guadalupe, em Olinda, e reúne cerca de 2 mil pessoas entre coquistas, mestres griôs, artistas, produtores culturais, educadores, gestores públicos, turistas, agentes jovens e a comunidade do entorno.

No século passado, os mestres João Amâncio e Zé da Hora começaram a realizar, junto com seus partes, uma Sambada de Coco na Aldeia de Paratibe, na cidade de Paulista. Com a morte dos mestres, o coco se cala na Aldeia por quase 40 anos até que no ano de 1998, Beth e seu marido, o percussionista Quinho Caetés, neto dos coquistas, resolvem retomar a Sambada, junto com seus filhos Oxaguiam, Yalodê e Mayra Akarê. A festa passa a ser realizada na Aldeia no último sábado de cada mês, utilizando inclusive a zabumba centenária que pertencia a João Amâncio e Zé da Hora.

Nesta mesma época, Beth de Oxum dá início ao Projeto “No Guadalupe o Coco é de Umbigada”, no bairro de Guadalupe, onde já tinha uma mobilização popular no seu terreiro. Aos poucos o movimento foi tomando as ruas, se transformando na tradicional Sambada de Coco.

No entanto a Sambada é apenas uma das realizações do Ponto de Cultura Coco de Umbigada. Desde 2004, o projeto foi aprovado no programa Cultura Viva, do Ministério da Cultura e recebeu uma verba de R$ 150 mil para a compra de máquina digital, computadores e equipamentos que serviram para montar a Rádio Amnésia, que ajuda a divulgar o coco na comunidade.

Junto com o material veio também um kit multimídia que está permitindo a gravação de CD diversos artistas e grupos culturais como Mãe Lúcia de Oyá, Seu Zeca do Rolete, Mestre Pombo Roxo, Índio Matinho, a própria Beth de Oxum, o grupo Coco de Umbigadinha, e o Coco de Mazurca Pé Quente, de Caruaru. Os CDs devem ser lançados na comemoração dos 10 anos da Sambada, no mês que vem.

Os jovens da comunidade participam da Oficina de Tecnologia da Informação para prender a usar os equipamentos da rádio e assim poderem se tornar multiplicadores da cultura do coco. Além disso, os jovens recebem orientação dos mestres griôs, que são aquelas pessoas que têm um conhecimento adquirido através da experiência, no caso os coquistas e ialorixás da casa.

“Estes mestres repassam seus conhecimentos para crianças e jovens e a gente procura restabelecer o elo da cultura oral que teve uma ruptura muito forte na cultura popular por contra da perseguição policial que teve em 47, com o Estado Novo”, complementa Dani Bastos, coordenadora do núcleo de música do Ponto Cultural.

O coquista Pombo Roxo tem 57 anos é um dos mestres griôs da casa que tem o coco no sangue e repassa sua experiência para os garotos e garotas que participam do projeto. Para Pombo Roxo, o coco é um ritmo que deve ser tradicionalmente passado de pai para filho, para se perpetuar nas gerações.

“Danço coco desde o ‘bucho’ da minha mãe. Ela era cantora e compositora autônoma e eu sou cantor e compositor graças a ela. Hoje tenho uma filha que dança coco e um filho que é percussionista”, afirma Mestre Pombo Roxo, autor de 328 cocos, que já tem 2 DVD’s gravados e está gravando o quinto CD da sua carreira.

Há uma preocupação muito grande do Ponto Cultural em incluir as crianças na música e despertar a identidade afrodescentente neles. De uma oficina de percussão e ritmo surgiu há 9 anos o grupo Coco de Umbigadinha, composto por 20 crianças, entre 4 e 12 anos de idade, e liderado por Oxaguiam, filho de Beth de Oxum e Quinho Caetés. O grupo faz a abertura da Sambada de Coco.

Antes da apresentação do Coco de Umbigadinha, o Cine Clube Macaíba exibe sessões gratuitas de filmes focados na cultura popular e na matriz africana. O objetivo é mostrar a história, a música, os tambores, os sotaques, a religiosidade e as tradições, para um público presente em média de 500 pessoas. A Sambada inicia às 21h, com a exibição dos filmes do Cine Clube e termina por volta das 5h, após as apresentações dos coquistas.

Recentemente o Ponto de Cultura Coco de Umbigada recebeu um certificado do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o IPHAN, pelo Projeto Sambada de Coco que foi pré-selecionado para o Prêmio Rodrigo Melo de Andrade 2007. Com este Prêmio o Iphan busca incentivar a participação social de comunidades brasileiras que desenvolvem trabalhos de salvaguarda do Patrimônio Cultural do Povo Brasileiro e amplia os bens culturais do país.

SERVIÇO:
Sambada de Coco do Guadalupe

Local: Largo Histórico do Guadalupe – Olinda-PE
Informações: 3439.6475


MESTRE POMBO ROXO, COQUISTA DO PONTO CULTURAL

XOTE: DA ESCÓCIA PARA O BRASIL!!!



Quem não conhece aquela dança onde você fica bem coladinho com a cabeça no ombro do parceiro, com os olhos fechados, no dois pra lá dois pra cá? Para quem não conhece, ou acha apenas que é um forró lento, saiba que este ritmo é o Xote.

A palavra xote se originou de “Scottisch” uma dança típica da Escócia, trazida por alguns colonizadores em 1850, e executada nos salões aristocráticos. Os escravos que assistiam as apresentações de longe, foram aprendendo os movimentos da dança. Aos poucos os passos antigos foram desfeitos, dando um novo ar à dança, com mais voltas, mais ginga, e um efeito visual que chamou atenção pela sensualidade que inspirava. Com o tempo, a dança passou a se chamar xote e hoje é uma das modalidades do forró, também conhecido como forró universitário.

É um ritmo democrático, dançado por pessoas de todas as idades e classes sociais. Nesse ritmo, as pernas se deslocam bastante, mas os braços não se movimentam muito. Como o casal dança coladinho e as letras das músicas são bem românticas, é uma boa pedida para dançar com um parceiro especial.

Os passos originais que permanecem são aqueles mais coladinhos dois pra lá dois pra cá, mas foi enriquecido, dando origem a vários tipos do ritmo. O Xote Duas Damas é uma variante onde um peão dança com duas prendas; no Xote Carreirinha, os pares dão uma corridinha na mesma direção, é muito comum no Rio Grande do Sul; o Xote Inglês é uma dança de salão que foi difundida pelos centros urbanos; o Xote das Sete Voltas, que como o próprio nome diz, o par precisa realizar as 7 voltas e depois girar no sentido contrário; já o Xote do Chico Sapateado, o par se enlaça pela cintura e executa passos da polca.

Em apresentações, a roupa dos dançarinos lembra a indumentária das quadrilhas juninas: saias rodadas ou vestidos franzidos na cintura para a as moças e calças jeans com camisas estampadas para os homens.

Com a proximidade das festas juninas, alunos começam a lotar as academias para aprender a dançar o xote, que é possivelmente a dança mais executada nessa época. Para quem quer aprender, seguem abaixo algumas dicas onde se encontra aulas particulares ou escolas de dança na Região Metropolitana de Recife:

ACADEMIA DE DANCA NELMA GUERRA
RUA DONA JULIETA, 89 C 1 - ENCRUZILHADA
RECIFE - PERNAMBUCO
Telefone: (81) 3241-2434

ÁRIA ESPACO DE DANCA E ARTE
RUA CANAL DE SETÚBAL, 766 - CAJUEIRO SECO
JABOATAO DOS GUARARAPES - PERNAMBUCO
Telefone: (81) 3341-1014

BALÉ POPULAR DO RECIFE
RUA DO SOSSEGO, 52 - BOA VISTA
RECIFE - PERNAMBUCO
Telefone: (81) 3231-3661

STÚDIO DE DANÇAS RUTH ROZENBAUM & LÚCIA HELENA GONDRA
R DAS PERNAMBUCANAS 65 GRAÇAS
RECIFE - PERNAMBUCO
Telefone: (81) 3231-4884

BAIÃO: A MÚSICA QUE LUIZ GONZAGA ENSINOU


A palavra Baião veio do verbo baiar, forma popular do bailar. Para o folclorista Câmara Cascudo, o termo pode ser associado a "baiano" e "rojão", este último seria o pequeno trecho musical executado pelas violas no intervalo dos desafios da cantoria. O ritmo veio do lundu um tipo de reunião festeira que era dançado em roda, com um dos presentes intimando os outros a dançar por meio de umbigadas e toques de castanholas.

A popularização do baião, no entanto, se deu a partir da década de 40, com o pernambucano Luiz Gonzaga, que foi para o Rio de Janeiro e gravou inúmeras músicas, que falavam do cotidiano nordestino. Com o primeiro parceiro, o fluminense Miguel Lima, Luiz Gonzaga compôs mazurcas, calangos e ritmos adjacentes, mas foi quando se associou ao compositor e advogado cearense Humberto Teixeira que obteve o respaldo poético que lhe faltava. Apesar disso, Teixeira admitia que a idéia tinha sido de Gonzaga, que planejou meticulosamente o lançamento nacional do baião, junto com outros gêneros nordestinos.

Outro grande parceiro de Luiz Gonzaga foi o médico pernambucano José de Souza Dantas Filho, o Zé Dantas, responsável por obras primas como “A Volta da Asa Branca”, “A Dança da Moda”, que fazia referência ao sucesso do baião, “Riacho do Navio” e “Cintura Fina”.

Luiz Gonzaga foi responsável por colocar o Nordeste em evidência para todo o país. A sanfona, o triângulo, a zabumba e o acordeon se tornaram uma febre entre os novos artistas que ajudaram a difundir o ritmo, dentre eles o maranhense João do Vale, o pernambucano Luís Vieira, o paulista Hervê Cordovil, o cearense Guio de Moraes, Onildo de Almeida, João Silva, José Marcolino e a dupla carioca Armando Cavalcanti e Klecius Caldas. Na ala feminina, destaque para a rainha do baião Carmélia Alves, a princesa Claudette Soares e a pernambucana Marinês e sua Gente.

No final dos anos 50, o baião entra em declínio, embora muitos artistas tenham regravado músicas de baião famosas de Gonzaga, tentando mantê-la viva. No entanto, nem só de passado vive o ritmo. O cantor Santanna acredita que o ritmo ainda está vivo, com novas gravações, mas o espaço na mídia ainda não é o devido. “Quase todos os artistas forrozeiros gravam o baião. Falta apenas a divulgação”, reforça Santanna.

A partir dos anos 70, o baião sofre influências de outros ritmos, como o samba e a conga. Gilberto Gil e Caetano Veloso, com o tropicalismo e o interesse em resgatar os ritmos genuinamente brasileiros, deram nova força ao baião.

Atualmente um grande representante do ritmo é o sanfoneiro José Domingos de Morais, o Dominguinhos. No entanto este não se limitou ao formato fixo do baião, incorporando modificações que deram origem à toada moderna.

TRIO NORDESTINO: ONTEM E HOJE


FORMAÇÃO ORIGINAL DO TRIO NORDESTINO

FORMAÇÃO ATUAL DO TRIO NORDESTINO


Há exatamente 50 anos, três jovens baianos Evaldo dos Santos, Lindolfo Mendes Barbosa e José Pedro Cerqueira se juntaram no Pelourinho decididos a fazer sucesso. Assim surgia o Trio Nordestino, agora com três artistas: Coroné (Evaldo), Lindú (Lindolfo) e Cobrinha (José Pedro).

Na época os três conheceram o radialista Gordurinha, que os vendo tocar e levar a platéia ao delírio, convidou o grupo para ir ao Rio de Janeiro, prometendo encaminha-los a uma gravadora. No ano de 1962 o grupo grava seu primeiro sucesso: “Chupando Gelo” e a partir daí começa a lançar praticamente um disco por ano, trazendo outras canções que ficaram famosas como “Pau de Arara é a Vovozinha”, “Vamos Xamegar” e “No Meio das Meninas”.

No início da década de 70, o Trio Nordestino lança o seu grande sucesso “Procurando Tu”, que ficou durante 3 meses seguidos nas paradas de sucesso e vendeu mais de 1 milhão de cópias, ficando atrás apenas de Roberto Carlos. Nesta mesma década fizeram bastante sucesso outras músicas tais como “Forró Pesado”, “Cililiqui”, “Chinelo da Rosinha”, “Petrolina Juazeiro” e “Chap Chap”.

Em 1980 o grupo sofre uma grande perda com a morte de Lindú, o sanfoneiro e vocalista do Trio. Ele foi substituído pelo sanfoneiro Genaro que ficou por 11 anos no grupo, mas em 1992 resolve seguir com a carreira solo. Alguns meses depois, morre Cobrinha.

Coroné, mesmo sozinho, não deixa o grupo morrer e convida Luiz Mário, o filho de Lindú, para continuar a fazer shows, com a presença de alguns sanfoneiros convidados. Em 1995, Mariazinha, viúva de Lindú indica Beto Souza, que era afilhado de seu marido, para compor o grupo.

O Trio Nordestino entra em uma nova fase. Os três passam a fazer turnês pela Europa e Estados Unidos, recebem várias indicações de prêmios de melhor grupo regional e gravam o primeiro CD intitulado “Xodó do Brasil”.

Em abril de 2005 morre Coroné e o seu neto Carlinhos, que foi batizado de Coroneto, assume a zabumba do avô. Esta nova formação do grupo com Luiz Mário, Beto Souza e Coroneto segue até os dias atuais, fazendo shows em todo o Brasil.

Para Beto Souza, integrante da nova geração do Trio Nordestino, o importante é manter viva a tradição do forró pé-de-serra que deve ser passada ara as gerações futuras. É com esse objetivo que eles continuam dando segmento ao Trio Nordestino que está completando 50 anos. “A gente faz as mesmas coisas que o Trio Nordestino original, só que dá uma roupagem diferente, mas sem fugir da tradição e sem fugir daquilo que é o forró pé-de-serra. A sanfona, o triângulo e zabumba dão a base, e o que nós fazemos é dar uma incrementada”, complementa Beto.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

FORRÓ: "FOR ALL"?

Duas principais teorias tentam explicar a origem da palavra forró. A mais conhecida é a de que teria surgido da expressão “For All”, que em inglês significa “Para Todos”. Os ingleses que vieram para Pernambuco no século XVIII para construir a estrada de ferro pela empresa “Great Western” costumavam realizar bailes e na porta colocavam placas com a expressão “For All”, indicado que a festa era aberta para todos que quisessem participar. A expressão teria se aportuguesado e chegado ao nome forró.

Uma outra versão defendida por alguns historiadores como Câmara Cascudo é a de que o nome forró é uma diminuição da expressão africana “forrobodó”, que dava nome a festas com muita música, dança e aguardente. Assim passaram a ser chamados os bailes freqüentados pelo povo mais humilde da época. O forrobodó, também conhecido por arrasta pé, bate-chinela ou fobó, sempre foi movido por vários gêneros de música nordestina como o baião, o coco, a quadrilha, o xaxado e o xote e animado pela sanfona de oito baixos e a zabumba.

Essa última versão é considerada a mais autêntica pelos historiadores, até porque desde o século XVII já se falava em forrobodó, bem antes mesmo da construção das estradas de ferro pelos ingleses no interior de Pernambuco.

O primeiro registro que se tem da palavra forró é um texto publicado no ano de 1733, no jornal O Mefistófolis. O texto dizia: "Parabéns ao Dr. Artur pelo grande forró realizado em sua casa..."

terça-feira, 20 de maio de 2008

SANTANNA, O CANTADOR


Santanna, o Cantador é descente de família de artistas e teve na infância a influência do aboio do vaqueiro nordestino, do canto das lavadeiras, do canto das rezadeiras e, finalmente, do canto dos cantadores violeiros e emboladores.

Em 1984, conheceu Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, e a admiração pelo Rei transformou-se em grande amizade. Participou de vários shows seus, fazendo a abertura e, em seguida, fazendo vocal.

Tornou-se cantor profissional em 1992, porém ficou mais conhecido do público em 2002, quando foi registrada a venda de 100 mil cópias do CD Xote Pé de Serra, que continha entre os grandes sucessos, a música Ana Maria. Foi aí então que Santanna começou a ser ouvido em todo o Nordeste.
Confira agora uma entrevista esclusiva com o cantor Santanna.

Raiz Nordestina: Quais as principais diferenças entre os ritmos xote, baião e forró?
Santanna:
Não dá bem para definir a diferença entre os ritmos só falando, é preciso ouvir a música para definir em qual ela se encaixa. Por exemplo: a música Ana Maria é um xote, a música Daquele Jeito é um baião e a música Sanfoninha Choradeira é um forró.

RN: Há diferença entre os instrumentos utilizados nesses três ritmos?
Santanna: Todos esses ritmos podem ser executados pelos mesmos instrumentos.

RN: Qual a importância de se preservar e difundir estes ritmos nordestinos?
Santanna:
Eles são uma cédula de identidade cultural de uma nação.

RN: Você acha que esses ritmos estão sendo valorizados e bem dinfundidos pelo estado? Eles recebem o devido espaço na mídia?
Santanna: Didaticamente não.


RN: O que mais poderia ser feito para a preservação desses ritmos?
Santanna:
Acho que incluindo-os nas aulas de educação artística.

RN: O que pode ser feito com as crianças para que elas conheçam esses ritmos e se tornem multiplicadores da cultura?
Santanna:
Os professores poderiam ser nossos parceiros nesse tema.

RN: O que você acha do forró estilizado? Ele tem tirado espaço do forró pé-de-serra?
Santanna:
Na minha modesta opinião não existe tal forró.

RN: Depois da morte de Luiz Gonzaga, o baião perdeu o seu maior representante. Existe algum artista que tenta preservar este ritmo? Ou os artistas estão tocando mais xote e forró?
Santanna:
Quase todos os artistas forrozeiros gravam o baião. Falta apenas a divulgação.

RN: Você acha que Luiz Gonzaga tem o devido reconhecimento? Algo mais poderia ser feito para a divulgação de sua vida e obra?
Santanna:
O personagem Luiz Gonzaga deveria ser estudado nas escolas nordestinas, para servir de modelo para os novos.


RN: Você tem alguma consideração final a fazer?
Santanna: No Brasil existem duas nações: a Gaúcha e a Nordestina, o restante é Povo!

EDITORIAL

A cultura é a representação de um povo, é a sua identidade, situa um indivíduo como pertencente a um grupo. Pernambuco é um estado riquíssimo em diversidade cultural e manifestações folclóricas. Os diversos ritmos pernambucanos são marcas registradas que fazem o estado se destacar no país e no mundo.

Nossas manifestações são divididas em ciclos que vão do Natal, passando pelo Natal, a Quaresma e o São João. Nós iremos destacar o ciclo junino, abordando os principais ritmos que compõem esta fase: ciranda, coco, xaxado, xote, baião e o forró. Nosso objetivo é dar é dar a você leitor, uma visão geral de como estes ritmos vêm sendo preservados e difundidos no estado.

Em destaque a matéria sobre a Sambada de Coco organizada por Beth de Ogum no Ponto de Cultura Coco de Umbigada. O evento que agora em junho completa 10 anos de existência já faz parte do calendário de eventos pernambucanos. O projeto não só valoriza a dança como parte da cultura nordestina, como também ajuda a comunidade com projetos e ações sociais e prepara os mais jovens para serem multiplicadores da cultura.

Nosso estado é muito rico culturalmente, mas nossas raízes precisam ser mais valorizadas e preservadas. Conheça um pouco mais dos trabalhos que vêm sendo neste sentido e que vão garantir que as novas gerações continuem a perpetuar a nossa cultura.