domingo, 25 de maio de 2008

BAIÃO: A MÚSICA QUE LUIZ GONZAGA ENSINOU


A palavra Baião veio do verbo baiar, forma popular do bailar. Para o folclorista Câmara Cascudo, o termo pode ser associado a "baiano" e "rojão", este último seria o pequeno trecho musical executado pelas violas no intervalo dos desafios da cantoria. O ritmo veio do lundu um tipo de reunião festeira que era dançado em roda, com um dos presentes intimando os outros a dançar por meio de umbigadas e toques de castanholas.

A popularização do baião, no entanto, se deu a partir da década de 40, com o pernambucano Luiz Gonzaga, que foi para o Rio de Janeiro e gravou inúmeras músicas, que falavam do cotidiano nordestino. Com o primeiro parceiro, o fluminense Miguel Lima, Luiz Gonzaga compôs mazurcas, calangos e ritmos adjacentes, mas foi quando se associou ao compositor e advogado cearense Humberto Teixeira que obteve o respaldo poético que lhe faltava. Apesar disso, Teixeira admitia que a idéia tinha sido de Gonzaga, que planejou meticulosamente o lançamento nacional do baião, junto com outros gêneros nordestinos.

Outro grande parceiro de Luiz Gonzaga foi o médico pernambucano José de Souza Dantas Filho, o Zé Dantas, responsável por obras primas como “A Volta da Asa Branca”, “A Dança da Moda”, que fazia referência ao sucesso do baião, “Riacho do Navio” e “Cintura Fina”.

Luiz Gonzaga foi responsável por colocar o Nordeste em evidência para todo o país. A sanfona, o triângulo, a zabumba e o acordeon se tornaram uma febre entre os novos artistas que ajudaram a difundir o ritmo, dentre eles o maranhense João do Vale, o pernambucano Luís Vieira, o paulista Hervê Cordovil, o cearense Guio de Moraes, Onildo de Almeida, João Silva, José Marcolino e a dupla carioca Armando Cavalcanti e Klecius Caldas. Na ala feminina, destaque para a rainha do baião Carmélia Alves, a princesa Claudette Soares e a pernambucana Marinês e sua Gente.

No final dos anos 50, o baião entra em declínio, embora muitos artistas tenham regravado músicas de baião famosas de Gonzaga, tentando mantê-la viva. No entanto, nem só de passado vive o ritmo. O cantor Santanna acredita que o ritmo ainda está vivo, com novas gravações, mas o espaço na mídia ainda não é o devido. “Quase todos os artistas forrozeiros gravam o baião. Falta apenas a divulgação”, reforça Santanna.

A partir dos anos 70, o baião sofre influências de outros ritmos, como o samba e a conga. Gilberto Gil e Caetano Veloso, com o tropicalismo e o interesse em resgatar os ritmos genuinamente brasileiros, deram nova força ao baião.

Atualmente um grande representante do ritmo é o sanfoneiro José Domingos de Morais, o Dominguinhos. No entanto este não se limitou ao formato fixo do baião, incorporando modificações que deram origem à toada moderna.

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